Por Fred Lima
Satisfeito com a queda da criminalidade no DF, o governo Rodrigo Rollemberg anda em júbilo e apresenta os números como a menina de seus olhos. Em reunião com os blogueiros de política na última semana, o secretário de Relações Institucionais, Marcos Dantas, em sua réplica, afirmou ao tenente Poliglota que os números mostram que a segurança pública está indo bem, pois, segundo ele, “os números falam por si”. Todavia, como geralmente acontece com um paciente terminal, tem aquela melhora que ocorre por horas ou dias e depois leva a óbito. Pois é. Assim se encontra a segurança pública no DF. De acordo com informações obtidas pela PM, em 2019, por exemplo, teremos 11.249 policiais, e está previsto que 737 policiais sairão para a aposentadoria. Sobrarão 10.512 policiais, com déficit de – 8.161. Se compararmos com os números deste ano, o resultado é temeroso. Temos em 2015, 15.126 policiais, onde 1.017 devem se aposentar. Vão sobrar 14.109 PMs, com déficit de -4.564, segundo a planilha. Resumindo: teremos3.597 policiais a menos daqui a quatro anos, caso o governo não intervenha no caos premeditado.
Planilha onde mostra a estatística da PM para os próximos 4 anos.
No dia 26/9/2014, foi assinado o decreto 35.851, que dispõe sobre o provimento e a efetivação de policiais e bombeiros, uma das poucas coisas boas que Agnelo fez para a área. O problema é que apenas o Corpo de Bombeiros deu efetividade ao decreto, ficando a PM inerte ao caso. Enquanto o CBM já está finalizando a reapreciação do decreto, a PM sequer deu o primeiro passo.
O governo Rollemberg não deve ser responsabilizado pela falta de investimento em segurança pública nas últimas duas décadas. O erro vem de outros governos, que empurraram com a barriga até onde puderam, especialmente o governo Agnelo Queiroz, que ficou marcado pela Operação Tartaruga. Não bastasse a crise financeira, fruto do déficit deixado por Agnelo, Rollemberg agora tem que lidar com problemas crônicos em outras áreas. Parece que a bolha estourou no paletó do governador. Entretanto, se continuar só festejando os números e não tomar providências urgentes, Rollemberg também deverá ser responsabilizado pelos erros na falta de investimento em segurança no DF.
Tudo indica que a queda da criminalidade é uma melhora artificial, com prazo de validade para terminar, infelizmente. Por exemplo: 500 policiais recém-incorporados estão sub judice, e o comando da PM, desde outubro passado, não fez nada. Detalhe: os PMs podem ser demitidos a qualquer momento, gerando um prejuízo do tamanho do quartel de Ceilândia – isso mesmo que você acabou de ler!
Enquanto a pane pode acontecer a qualquer momento, o GDF não abre concurso nem nomeia concursados aprovados na Polícia Civil. Antes, comemora a “trégua da criminalidade”, com números que, matematicamente, dificilmente permanecerão com o passar dos meses. Ora, se vamos perder até o final do ano 1.017 policiais – sem reposição – e outros 500 podem ser exonerados hoje ou amanhã, a criminalidade continuará caindo? Se continuar, será um fenômeno a ser estudado não apenas pelos especialistas em segurança pública do DF, mas do mundo inteiro.
Antes da goleada do 7×1, torcedores passionais ainda acreditavam que a seleção poderia vencer a Alemanha, mesmo com a ausência de Neymar. O hino nacional levou multidões às lágrimas antes da partida, mas o que se viu em campo foi a equipe entrar em pane e o massacre alemão levar os torcedores novamente às lágrimas, mas dessa vez não de emoção, mas de tristeza. Se Rollemberg não tomar cuidado, as bodas se transformarão em velório – e muitos –, sendo pior que o 7×1, pois estamos falando da segurança de vidas humanas, não de jogo de futebol.
Da Redação
Fonte: Blog do Fred Lima